sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SERESPAPERCONFI!

Elena, minha prima, foi diagnosticada com câncer nos pulmões com metástases no fígado, abdômen e baço, hoje ela está sedada no hospital e os médicos disseram que a situação é gravíssima. Ela  tem 65 anos é mãe da Glauce e avó da Laís, minha afilhada.
Fui visitá-la no hospital e me senti impotente por não ter uma palavra de esperança ou conforto para oferecer , mesmo assim, ela ficou contente por me ver.
Esta situação me faz perceber que Deus nos usa como instrumentos para se fazer presente nos momentos de sofrimento,quando não há palavras,Deus fala através da nossa presença.
Lembrei-me de um conto que li quando tinha 12 anos, Serespaperconfi do Pedro Bandeira, na estória a Marina, protagonista, usava os verbos de ligação da Gramática Portuguesa - SER/ESTAR/CONFIAR/PARECER/PERMACER/CONFIAR e FICAR para ilustrar a Renato, garoto pelo qual estava apaixonada, a forma como desejava se relacionar com ele era o SERESPAPERCONFI.
Atualizo o SERESPAPERCONFI para a minha realidade:
Se os verbos de ligação ligam o sujeito ao que lhe qualifica, ou seja, o predicativo, eu (sujeito) também desejo me ligar á aquele que sofre, ao que precisa de mim, a este próximo que me qualifica e me faz ser mais pessoa.
Seu não me ligo ao que sofre estou desligada da vida e de Deus.
Hoje me ligo a você Elena:
Eu quero Ser com você;
Estar com você;
Parecer com você;
Permanecer com você;
Confiar em você
E ficar com você.
Serespaperconfi!

 Nota: Os verbos de ligação indicam o estado e a essência do sujeito, achei interessante, pois os verbos costumam indicar ação, a qual pode ser algo passageiro, diferente do que é essência e o estado do SER...Poxa! Como a gramática pode ser bonita!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Vídeo Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O Camisa Verde fez 57 anos no dia 4 de setembro!
Apresento um vídeo no qual meu irmão e eu falamos da alegria e responsabilidade que é ser mestre-sala e porta-bandeira!
Ao Camisa agradecemos a oportunidade de viver este serviço!
Alô Camisa!Salve!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

História das Mulheres Negras do Brasil

Estou lendo o livro História das Mulheres Negras do Brasil de Schuma Schumaher e Érico Vital Brasil o qual conta a história de luta e resistência de diversas mulheres negras em diferentes épocas do Brasil.
Foi um “frisson” quando cheguei em casa com o livro,mostrei-o para minha família fizemos memória das nossas mulheres (avós,tias,primas) ,lembramos de estórias,dores vitórias e ensinamentos. Pensei em mim, quantas mulheres desde a minha ancestral na África viveram,lutaram e morreram para eu estar aqui hoje?Como foi a vida delas?Pelo que passaram?Este livro está me ajudando a valorizar a luta das mulheres negras da minha família e do meu país, eu me senti mais forte, mais mulher, mais cidadã, mais Claudia.

Globalização,Milton Santos e Pe Dehon!

“Antes mundo era pequeno, porque terra era grande ,hoje mundo é muito grande porque terra é pequena”(Gilberto Gil)



Entendo que não é possível pensar em ser missionário sem a compreensão do mundo em que vivemos, há mais de 1 seculo Padre Dehon já tinha cantado a bola ,ele olhou para a realidade social e percebeu que a ação pastoral que fazia não atingia as pessoas de forma efetiva, Dehon questionou-se sobre o que Cristo faria se vivesse em sua época e a partir do Coração de Cristo teve suas respostas e para colaborar na construção do Reino de Deus escolheu os trabalhos com os quais poderia contribuir para a formação integral da pessoa humana.
Pe Dehon orou,olhou a sua volta,questionou e respondeu.O que reforla a importância de estar atento ao mundo em que vivemos!
Proponho que façamos o exercício de olhar-ver a nossa realidade,a aprtir do entendimento do grande fenômeno do nosso tempo..a Globalização!

A Primeira Globalização ocorreu nos séculos XV e XVI com as grandes Navegações (Colonialismo). A Segunda Globalização efetivou-se no século 20 com o fim do socialismo no Leste Europeu e com o Neoliberalismo .
A Globalização é um novo ciclo do desenvolvimento do capitalismo em que a internacionalização da economia atinge o seu estágio supremo. A produção e informação globalizadas (possibilitadas pelo progresso técnico por via do desenvolvimento científico e tecnológico) são os principais símbolos deste período. Ambas permitem lucro em escala mundial para as transnacionais que tem suas sedes nos países desenvolvidos, a produção de seus produtos é fragmentada sendo realizadas por suas filiais espalhadas pelos países que oferecem mão-de-obra mais barata, menos tributos e incentivos fiscais por parte dos Governos.
Com a Globalização ocorre a interligação econômica, política, social e cultural das regiões do mundo, este processo ocorre em diferentes escalas e possuiu conseqüências distintas entre os países,as nações ricas são as que tem mais benefícios.

No livro “Por uma outra Globalização” o geógrafo Milton Santos trabalha três conceitos muito interessantes,os quais permitem uma análise mais profunda deste fenômeno.Milton diz que estamos imersos em três mundos:

Um mundo fabricado e imposto – A Globalização como fábula

Nesta fábula, o progresso tecnológico faz com que o mundo se torne uma aldeia global, na qual as distancias são reduzidas e todos têm acesso ao conhecimento, informação e desenvolvimento social, econômico e tecnológico. Fala-se do planeta integrado e sem fronteiras

Mundo real – Globalização com perversidade

Esta análise questiona se todos têm acesso á informação, ao conhecimento e as novas tecnologias.
O progresso técnico, e as conquistas científicas não são adequadamente usados, pois não são democratizados a todos, sendo aproveitados por um “pequeno número de atores globais” (os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados e grandes organizações internacionais em benefício próprio).
Diz-se Globalização perversa por produzir mais desigualdades e centrar-se no dinheiro e no consumo ao invés do homem. Há a distribuição de mais pobreza para os pobres e concentração de mais riqueza para os ricos.
Vemos a massa de famintos, desempregados e sem acesso ás condições dignas de sobrevivência, que por não compor o mercado consumidor mundial são descartados.


Um mundo possível – Uma outra globalização

Esta outra possibilidade de Globalização, centrada no homem, entende que existem condições técnicas adequadas para produzir um mundo para a dignidade humana, mas que estas técnicas precisam ser democratizadas.
Fala-se de movimentos, organizações sociais que usam das tecnologias e mobilizações para reivindicar direitos, democratizar conhecimento e informação e questionar a ordem estabelecida.
Grande parte destas ações não é divulgada pelos grandes veículos de comunicação, mas são sinais de que novos tempos podem vir.
Entendo que este outro mundo possível, apresentado por Milton Santos, vai de encontro com o projeto do Reino de Deus, do mundo da fraternidade, da liberdade e do amor o qual valoriza a pessoa humana.

“É necessário apresentar a pessoa humana como centro de toda vida social, cultural, resultando nela: dignidade de ser imagem e semelhança de Deus e a vocação de ser filhos no Filho (DA-480)”

E como este assunto é um saco sem fundo, deixo algumas indicações para aprofundamento do tema:



Livro: Por uma outra Globalização – do pensamento único á consciência universal – Milton Santos
Era dos Extremos: O breve século XX-Eric Hobsbawm – Este livro é ótimo para entendermos melhor o século XX!
Documentário: The Corporation – Mark Achbar,Jennifer Abbott e Joel Bakan
Documentário: Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global visto do lado de cá – Silvio Tendler

Mudança de Endereço!

Me mudei para a floresta!

"Eu fui à Floresta porque queria viver livre. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria essência da vida... expurgar tudo o que não fosse vida; e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido".
Henry David Thoreau

E a minha saia caiu!

A Escola de Samba a sua importância como núcleo de cultura e resistência do povo negro e o processo de segregação deste no carnaval e nas escolas de samba são questões que se tornam para mim ainda mais provocadoras por eu ser porta-bandeira de uma Escola Tradicional como o Camisa Verde e Branco, a qual deu um contribuição imensurável para o samba e para a preservação desta forma de resistência negra.

O desfile do carnaval de 2008 foi desafiador....minha saia caiu bem em frente ao jurado,foi constrangedor e esta é uma das piores coisas que podem ocorrer a uma porta-bandeira ,mas naquele momento pude pensar sobre o significado de ostentar o Pavilhão de uma Escola de Samba....

O Pavilhão do Camisa representa toda a comunidade e todo o patrimônio material e imaterial da Escola,representa os nossos ancestrais africanos,os fundadores da agremiação,os que apanharam da policia,os que foram perseguidos,humilhados mas que resistiram,o Pavilhão representa a Historia da Escola de Samba e de todos que fazem parte dela.

Quando a minha saia caiu eu tinha duas opções parar e chorar ou continuar dançando..optei por continuar mesmo sabendo que nós tínhamos perdido pontos e que para o jurado não iria fazer muita diferença..continuei porque não desfilamos só para os jurados (mesmo sabendo que a nota é importante)desfilamos pela e com a Escola e o valor do que fazemos é maior do que qualquer nota.

Considero que o significado de uma agremiação carnavalesca deve perpassar o dia do desfile,a transmissão da Rede Globo,as notas dos jurados,o sambódromo e a gana por lucros, ainda sou porta-bandeira porque acredito no legado deixado por Dona Sinhá,Dionísio Barbosa,Tio Helio Bagunça, Dona
Zefa,Seu Chiclé,Geraldo Filme,Candeia,Sr Gabi,Toniquinho Batuqueiro,Mantega e de todos os sambistas de ontem e de hoje.

Primeira Experiência Missionária

Éramos doze, assim como os doze apóstolos de Cristo; Chegamos à creche São Judas que foi a nossa casa durante os quinze dias que ficamos em missão, cheios de expectativas e receios.

A creche ficava em uma rua sem luz ,fincada em uma comunidade carente de recursos sociais como tantas outras que fazem parte da realidade da cidade de São Paulo,marcada pela desigualdade social.Este era o quadro, o que fazer?

Começaram as visitas, muitos não abriram as suas portas, não tinham ou não queriam ter tempo para nos escutar... Desanimo!Perplexidade nos questionávamos... Pensávamos em estratégias.... Será que devemos mudar os horários das nossas visitas, que atividades lhe interessariam, como motivá-los? E as crianças, aos montes chegavam e às vezes nos enlouqueciam como trabalhar com elas?

Deus não tardou em nos dar respostas a partir das próprias crianças , nos dividíamos em grupos,enquanto uns ficavam com as crianças outros trabalhavam com jovens e adultos, elas nos ajudaram nas celebrações,teatro,participaram das adorações; Que alegria o dia em que o Douglas “doce e peralta” chegou a nossa porta ás 7h00 da manhã para participar da nossa adoração e disse que também queria se tornar missionário.
A experiência com as crianças da Mauro me marcou profundamente, pois aquelas sintetizaram o espírito missionário, como crianças devemos ter o coração aberto, disposto a aprender, partilhar e perdoar, ser criança é ser aprendiz, discípulo é estar sempre em formação, sempre aprendendo.

Pensávamos que iríamos dar, mas fomos nós que recebemos,recebemos amor, carinho, gestos singelos como o pão fresquinho que nos era dado toda manhã, a sobremesa do almoço, o café da manha oferecido por membros da comunidade, a pizza ofertada pelos “rapazes da Boca ”,foram tantos gestos de amor jogamos e recebemos sementes.

Reforçamos o nosso sentimento de pertença através do deles, quanto a isto vale a pena aqui relatar uma experiência muito significativa que tivemos com os jovens da comunidade: Combinamos de fazer uma “pegadinha” um quebra gelo antes da atividade que tínhamos programado com os jovens, a qual consistia em fingir que iríamos embora por causa da não participação das pessoas, falamos que estávamos desanimados e ficamos de mala e cuia na porta, reclamando da comunidade, fingindo esperar a perua para irmos embora; Ficou muito explicito o sentimento de pertença dos jovens estes começaram a defender a sua comunidade, dizendo que as coisas não eram bem assim, pediram para a gente ficar, queriam saber quem nos maltratou e disseram que todos estavam felizes pela nossa presença lá.
Já que falei de pertença à comunidade, não posso deixar de falar do exemplo da Regina, que recém operada não pode participar integralmente da missão, mas que com sua “teimosia missionária” ficou conosco partilhando,ensinando e nos animando, falando de sua experiência, ajudando a elaborar as atividades, o tempo todo alegre por estar em sua comunidade de origem e pela Missão Dehoniana Juvenil estar lá, eu ficava pensando para a Regina recém saída do hospital, com dores fazer questão de estar com a gente, deve se tratar de algo realmente muito especial.Durante o período da Missão,dia após dia eu também pude sentir e vivenciar o quanto é especial e necessária a MDJ.

Este é o relato de uma recém-missionária, que ficou na equipe de apoio, eu ia todos os dias a noite e nos finais de semana, lembro que ficava no meu trabalho inquieta contando as horas para chegar em “casa” orar e partilhar com os missionários e encontrar as pessoas da comunidade,me senti tão amada por todos,pelos de “casa” que cuidavam uns dos outros,que me motivaram e partilharam os desafios e alegrias do dia a dia,como os da comunidade que provocaram em mim a alegria e a necessidade de servir e aprender,de ver que como Igreja temos muito a fazer e que é no meio do povo que devemos estar.Nunca Cristo esteve para mim tão próximo,o vi em toda parte, no sacrário durante a adoração,nos missionários,nos membros da comunidade e dentro de mim.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Das motivações para este blog

As palavras começaram a transbordar, as idéias...
Da necessidade de comunicar o meu coração;
De ter mais tempo para "conversar" com os amigos;
De eu não ter medo de me expor,de escrever algo que desagrade e ter que defender um ponto de vista ou pensar em outra forma diferente de olhar;
De sair da comodidade do meu caderno;
Sema hipocrisia de que eu não me importo com o que você vai achar,mas com a coragem de mostrar quem eu sou pelo menos parte do que eu tenho consciência;
Esta aí o meu blog,que eu não seja poupada do seu olhar!