sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Primeira Experiência Missionária

Éramos doze, assim como os doze apóstolos de Cristo; Chegamos à creche São Judas que foi a nossa casa durante os quinze dias que ficamos em missão, cheios de expectativas e receios.

A creche ficava em uma rua sem luz ,fincada em uma comunidade carente de recursos sociais como tantas outras que fazem parte da realidade da cidade de São Paulo,marcada pela desigualdade social.Este era o quadro, o que fazer?

Começaram as visitas, muitos não abriram as suas portas, não tinham ou não queriam ter tempo para nos escutar... Desanimo!Perplexidade nos questionávamos... Pensávamos em estratégias.... Será que devemos mudar os horários das nossas visitas, que atividades lhe interessariam, como motivá-los? E as crianças, aos montes chegavam e às vezes nos enlouqueciam como trabalhar com elas?

Deus não tardou em nos dar respostas a partir das próprias crianças , nos dividíamos em grupos,enquanto uns ficavam com as crianças outros trabalhavam com jovens e adultos, elas nos ajudaram nas celebrações,teatro,participaram das adorações; Que alegria o dia em que o Douglas “doce e peralta” chegou a nossa porta ás 7h00 da manhã para participar da nossa adoração e disse que também queria se tornar missionário.
A experiência com as crianças da Mauro me marcou profundamente, pois aquelas sintetizaram o espírito missionário, como crianças devemos ter o coração aberto, disposto a aprender, partilhar e perdoar, ser criança é ser aprendiz, discípulo é estar sempre em formação, sempre aprendendo.

Pensávamos que iríamos dar, mas fomos nós que recebemos,recebemos amor, carinho, gestos singelos como o pão fresquinho que nos era dado toda manhã, a sobremesa do almoço, o café da manha oferecido por membros da comunidade, a pizza ofertada pelos “rapazes da Boca ”,foram tantos gestos de amor jogamos e recebemos sementes.

Reforçamos o nosso sentimento de pertença através do deles, quanto a isto vale a pena aqui relatar uma experiência muito significativa que tivemos com os jovens da comunidade: Combinamos de fazer uma “pegadinha” um quebra gelo antes da atividade que tínhamos programado com os jovens, a qual consistia em fingir que iríamos embora por causa da não participação das pessoas, falamos que estávamos desanimados e ficamos de mala e cuia na porta, reclamando da comunidade, fingindo esperar a perua para irmos embora; Ficou muito explicito o sentimento de pertença dos jovens estes começaram a defender a sua comunidade, dizendo que as coisas não eram bem assim, pediram para a gente ficar, queriam saber quem nos maltratou e disseram que todos estavam felizes pela nossa presença lá.
Já que falei de pertença à comunidade, não posso deixar de falar do exemplo da Regina, que recém operada não pode participar integralmente da missão, mas que com sua “teimosia missionária” ficou conosco partilhando,ensinando e nos animando, falando de sua experiência, ajudando a elaborar as atividades, o tempo todo alegre por estar em sua comunidade de origem e pela Missão Dehoniana Juvenil estar lá, eu ficava pensando para a Regina recém saída do hospital, com dores fazer questão de estar com a gente, deve se tratar de algo realmente muito especial.Durante o período da Missão,dia após dia eu também pude sentir e vivenciar o quanto é especial e necessária a MDJ.

Este é o relato de uma recém-missionária, que ficou na equipe de apoio, eu ia todos os dias a noite e nos finais de semana, lembro que ficava no meu trabalho inquieta contando as horas para chegar em “casa” orar e partilhar com os missionários e encontrar as pessoas da comunidade,me senti tão amada por todos,pelos de “casa” que cuidavam uns dos outros,que me motivaram e partilharam os desafios e alegrias do dia a dia,como os da comunidade que provocaram em mim a alegria e a necessidade de servir e aprender,de ver que como Igreja temos muito a fazer e que é no meio do povo que devemos estar.Nunca Cristo esteve para mim tão próximo,o vi em toda parte, no sacrário durante a adoração,nos missionários,nos membros da comunidade e dentro de mim.

Um comentário:

  1. Poxa, que legal, lindo! Este sentido de solidariedade e Amor é o que precisamos resgatar enquanto sociedade, enquanto seres humanos. Isso é tão importante, e tão díficil de ser trabalhado no contexto social que está posto. Fiquei feliz!

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